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sexta-feira, 1 de setembro de 2023

TCC JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O trabalho de conclusão de curso abaixo, possui capítulo próprio sobre o Direito de brincar. 

Uma pincelada na argumetação de que o desenvolvimento da criança está claramente exposto na legislação brasileira. 





JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

ANDRADE, Susie Mara Bueno

Licenciandaem Pedagogia/Segunda Licenciaturano

Centro Universitário Internacional Uninter

 

BANDEIRA,Jucimara de Barros

Professora Orientadora do Centro Universitário Internacional Uninter

 

 

RESUMO

Este trabalho demonstra que brincar é um direito fundamental de todas as crianças no mundo inteiro, cada criança deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem. Os jogos e brincadeiras constituem um recurso pedagógico com elevado nível de riqueza que acarreta informação, cultura, evidenciam direitos, desenvolve os valores em educação, entre outros benefícios e vantagens para a aprendizagem e contribui com o desenvolvimento da criança e de suas potencialidades, além de estabelecer relações cognitivas centradas no afeto, respeito, solidariedade, companheirismo. A escola deve oferecer oportunidades para a construção do conhecimento através da descoberta e da invenção, elementos estes indispensáveis para a participação ativa da criança no seu meio.O objetivo central desse estudo é abordar a importância dos jogos no desenvolvimento da criança, ou seja, na fase infantil, utilizando como base, teorias e pesquisas bibliográficas, com intuito de aprofundar o conhecimento sobre o tema proposto. A análise evidenciou que tanto os jogos quanto as brincadeiras são essenciais para o desenvolvimento infantil, desempenhando um papel muito importante, onde através deles a criança explora sua imaginação, prazer, alegria, raciocínio e habilidades diversas.

 

 

 

Palavras-chave:brincadeiras. Jogos. Infância.

1.      Introdução

A Educação Infantil é considerada fundamental para o desenvolvimento integral da aprendizagem da criança, pois proporcionaa ela momentos que satisfazem as necessidades básicas, através de atividades com jogos e brincadeiras infantis que resultem no aprendizado da criança, despertando e descobrindo suas habilidades e facilitando seu cognitivo. Através do contato da criança com os jogos e brincadeiras, permite-se a construção de um novo mundo, de uma realidade rica de significados.

A brincadeira, portanto, não é apenaso brinquedo, o objeto, e também não é a técnica, mas o conjunto de procedimentos e habilidades. Ela possibilita sempre uma experiência original, reveladora, única, mesmo que a criança esteja repetindo a brincadeira pela milésima vez. É a plena realização da imprevisibilidade.

A utilização de jogos e brincadeiras pelas escolas é de grande importância para o desenvolvimento da criança e do gosto pela aprendizagem.

É o que ensina Cruz Fontana:

Brincar é sem dúvida uma forma de aprender, mas é muito mais que isso. Brincar é experimentar-se, relacionar-se, imaginar-se, expressar-se, negociar, transformar-se. Na escola, o despeito dos objetivos do professor e do seu controle, a brincadeira não envolve apenas a atividade cognitiva da criança. Envolve a criança toda. É prática social, atividade simbólica, forma interação com o outro. É criação, desejo, emoção, ação voluntária. (FONTANA; CRUZ, 1997, p. 115)

 

O tema levantado tem por finalidade mostrar que jogos e brincadeiras tem um papel muito importante na educação infantil e para a vida de uma criança, pois, além da importância na alfabetização, constitui-se uma evolução dos direitos das crianças e adolescentes, já que a própria Constituição Federal de 1988 (Lei Maior do País) previu e assegurou no art.5º, direitos fundamentais e sociais como indispensáveis a correta formação do indivíduo.

Ao brincar, a criança adquire uma aprendizagem mais prazerosa, que se torna um momento de comunicação consigo mesma buscando através de sua realidade a sua imaginação.

Inegável a imprescindibilidade da utilização do jogo na educação infantil.O professor precisa valorizar o lúdico como garantia de um desenvolvimento contínuo introduzindo-o na prática educativa, pois existe uma ligação entre infância, jogo e educação, e o mesmo auxilia o desenvolvimento intelectual e favorece a autonomia e a sociabilidade da criança.

Brincadeira é natural na vida das crianças e está presente em diferentes tempos e lugares, e,segundo o contexto histórico e social que o infante está inserido.

Diante desse pressuposto definiu-se analisar como o brincar auxilia na formação, socialização, desenvolvendo habilidades psicomotoras, sociais, físicas, afetivas, cognitivas e emocionais das crianças, enfatizando a importância e o direito das mesmas.

Kishimoto é enfático:“A infância é a idade do possível. Pode-se projetar sobre ela a esperança de mudança, de transformação social e renovação moral. ” (KISHIMOTO, T.M.1999 p.19).

Obras como as de Piaget e Vygotsky, apresentam discussões sobre os diversos elementos no jogo e na brincadeira que influenciaram o desenvolvimento humano de maneira ampla e, em especial, o infantil.

O presente estudo apresenta como base teórica e metodológica pesquisas bibliográficas, com intuito aprofundar, sem esgotar, o conhecimento sobre o tema proposto para ser possível ampliar os conhecimentos sobre a importância dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil.

Por pesquisa bibliográfica entende-se, como explica Fonseca (2002, p.32), uma pesquisa feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites; sendo importante para o aprofundamento do trabalho.

A pesquisa bibliográfica, para Gil (2007, p.44) tem como principais exemplos as investigações sobre ideologias ou aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema.

Esse trabalho apresenta a seguinte estrutura de desenvolvimento:

Na introdução temos apresentação do tema, metodologia, problemática, objetivos e justificativa.

No capítulo 3.1 apresenta-se o brincar como um fenômeno cultural que sintetiza os valores do grupo onde se desenvolve.

Já no capítulo 3.2, concepções sobre ludicidade: a importância dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento das crianças.

Trouxemosainda, no capítulo 3.3, o brincar como direito garantido a toda criança.

Por fim, no Capítulo 3.4 a listagem de brincadeiras que auxiliam no desenvolvimento de diversas habilidades.

 

2.     Metodologia

A metodologia adotada foi baseada em livros, revistas, sites, ou seja, materiais bibliográficos que nos auxiliaram nas concepções da pesquisa. Usando uma abordagem qualitativa para coleta de informações (levantamento bibliográfico utilizando sempre as palavras-chave: jogos, brincadeiras na Educação Infantil, educação e infância) que visa descrever, e não prever, como no caso da pesquisa quantitativa.

De acordo com Gil (2007), por pesquisa bibliográfica entende-se a leitura, a análise e a interpretação de material impresso. Entre eles podemos citar livros, documentos mimeografados ou fotocopiados, periódicos, imagens, manuscritos, mapas, entre outros.

 

3.      Revisão bibliográfica/ Estado da arte

3.1 A Cultura do Brincar

               Parafraseando Ricardo Ferrari (2012) citado no trabalho de Luciano Castro, entendemos que já é consolidado o entendimento de que o brincar está presente em diferentes tempos e lugares e segundo o contexto histórico e social que a criança está inserida.

               Cada brincadeira é transformada diante da capacidade de imaginação e criação.

As autoras Aline Fernandes Felix da Silva e Ellen Costa Machado dos Santos, em seu trabalho “A importância do brincar na educação infantil”, ensinam que:

As brincadeiras de outros tempos estão presentes nas vidas das crianças, com diferentes formas de brincar, porque hoje, nós temos diferentes espaços geográficos e culturais. Mas que relação podemos fazer do brincar com o desenvolvimento, a aprendizagem, a cultura e como incorporar a brincadeira em nossa prática?(SILVA E SANTOS)

 

E concluem: O brincar é natural na vida das crianças. É algo que faz parte do seu cotidiano e se define como espontâneo, prazeroso e sem comprometimento.  

Renata Moura do Vale, em seu texto citando os autores SILVA, A.F.F.; SANTOS, E.C.M, diz que “o ato de brincar faz parte da vida do ser humano desde o ventre de sua mãe. Seu primeiro brinquedo é o cordão umbilical, onde, a partir da 17.ª semana, através de toques, puxões e apertos, o bebê, em desenvolvimento, começa a criar relação com algo”.

De acordo com que Machado (1994) diz, a mãe também brinca com seu bebê mesmo antes de ele nascer, pois, fica imaginando como será ser mãe, e associa as lembranças de quando brincava com sua boneca. Assim, quando o bebê nasce, já há uma relação criada da mãe para com o bebê e do bebê para com a mãe, pois esse já reconhece sua voz. No princípio, a relação acontece como se o bebê fosse o brinquedo de sua mãe e ao interagir com ele diariamente, a criança vai aprendendo a linguagem do brincar e se apropriando dela.

               Continua o mesmo autor explicando que, nessa relação contínua, o bebê vai se diferenciando de sua mãe e começa a criar outros parceiros, sendo os outros, adultos e crianças com quem ele irá interagir. Esses parceiros precisam lhe propiciar um ambiente que permita a criança ser criança, e desenvolver-se utilizando o corpo e os seus sentidos, sentindo-se livre para criar o seu brincar.

               Dessa forma, a criança se desenvolve através das interações que estabelece com os adultos desde muito cedo. A sua experiência sócia histórica inicia-se nessa interação entre ela, os adultos e o mundo criado por eles, e quando os pais estimulam seus filhos durante a brincadeira, se tornam mediadores do processo de construção do conhecimento, fazendo com que seus filhos passem de um estágio de desenvolvimento para outro. É a conclusão da autora Marleide Belízio da Silva, em seu trabalho “A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM”.

               Vygotsky (1984, apud WAJSKOP, 2007), afirma que, é na brincadeira que a criança consegue vencer seus limites e passa a vivenciar experiências que vão além de sua idade e realidade, fazendo com que ela desenvolva sua consciência. Dessa forma, é na brincadeira que se pode propor à criança desafios e questões que a façam refletir, propor soluções e resolver problemas. Brincando, elas podem desenvolver sua imaginação, além de criar e respeitar regras de organização e convivência, que serão, no futuro, utilizadas para a compreensão da realidade. O mesmo autor conclui que a brincadeira permite também o desenvolvimento do autoconhecimento, elevando a autoestima, propiciando o desenvolvimento físico-motor, bem como o do raciocínio e o da inteligência.

               Em seu trabalho “As concepções de jogos para Piaget, Wallon e Vygotsky”, as autoras Jessica Martins Marques Luiz, Ana Carolina Belther Santos, Francielli Ferreira da Rocha, Soraia Camila de Andrade e Yara Galinari Reis deixam claro:

Por meio de seus estudos Piaget passa a acreditar que todos os seres humanos se desenvolvem passando por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis, as quais denominaram estágios e períodos do desenvolvimento. Sendo assim, o desenvolvimento cognitivo de uma criança é visto como uma evolução gradativa na qual o grau de complexidade aumenta simultaneamente ao nível de aprendizado que vai sendo adquirido.

Estes estágios, segundo Piaget são caracterizados a partir da maneira como cada indivíduo interage com a realidade, ou melhor, a forma como cada pessoa organiza seus conhecimentos visando sua adaptação, ocorrendo então mudanças significativas e progressivas nos processos de assimilação e acomodação. Levando em consideração que de acordo com os estudos piagetianos a criança se desenvolve a partir da inter-relação com o meio, foi criada a teoria do desenvolvimento intelectual por estágios, cujo ponto de partida é o egocentrismo, em que a criança não se vê separada do mundo, ou seja, não considera a existência de um mundo externo. Este pode ser explicado citando uma criança que quando pequena não vê a necessidade de explicar aquilo que diz, pois está ciente de que está sendo entendida. Conforme a criança vai se desenvolvendo e o sistema não responde mais à novidade este tem que ser mudado, caracterizando assim o desenvolvimento da inteligência. Essas mudanças fazem com que o egocentrismo diminua devido à maior interação da criança com o meio.

 

               Segundo as autoras acima citadas, as fases do desenvolvimento cognitivo segundo Piaget são: sensório motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2 a 7 anos), operatório-concreto (7 a 12 anos) e operatório-formal (a partir dos 12 anos).

No sensório-motor, a criança baseia-se principalmente em percepções sensoriais e esquemas motores para a resolução de seus problemas. Neste estágio, há entendimentos de que a criança não tem pensamentos visto que não dispõe da capacidade de representar eventos assim como referir-se ao passado e ao futuro.

Concluem ainda que é importante saber que até então a criança age sobre o meio por ações reflexas, e que vai adquirindo noções de tempo, espaço e causalidade através do convívio tido com o ambiente. A etapa pré-operatória é caracterizada pelo aparecimento da linguagem oral e é a partir daí que a criança começa a formar esquemas simbólicos com os quais a mesma consegue substituir ações, pessoas, situações e objetos por símbolos (palavras).

Citam as mesmas autoras que o pensamento nesta fase do desenvolvimento é conhecido como pensamento egocêntrico (não flexivo, que tem como ponto de referência a própria criança; uma de suas características é a atribuição de sentimentos e intenções a coisas e animais-animismo) e as ações são irreversíveis, ou seja, não se consegue perceber a possibilidade de retornar mentalmente ao ponto de partida. É no estágio pré-operatório que o pensamento lógico e objetivo adquirem preponderância e as ações se tornam reversíveis, portanto móveis e flexíveis.

Afirmam ainda que o pensamento passa a ser menos egocêntrico e a criança consegue construir um conhecimento mais compatível com o mundo que a rodeia (sem mistura do real com o fantástico). Por fim, na etapa operatório-formal o pensamento se torna livre das limitações da realidade concreta, o que faz com que a criança consiga trabalhar com a realidade possível,além disso.

               Por fim, as autoras citadas lecionam que na concepção de Piaget, o jogo é, em geral, a assimilação que se sobressai à acomodação, visto que o ato da inteligência leva ao equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, sendo a última prorrogada pela imitação. Conforme a criança vai se socializando o jogo vai adquirindo regras ou então a imaginação simbólica se adapta segundo as necessidades da realidade.

O símbolo de assimilação individual dá espaço às regras coletivas, objetivos ou aos símbolos representativos, ou a todos (NEGRINE, 1994).

 

3.2 Importância dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil

No site da BNCC encontramos a seguinte indagação-resposta:

Se a Educação Básica começa na Educação Infantil, se a criança frequenta esse espaço, por direito desde bebê – na creche – e obrigatoriamente a partir dos quatro anos – na pré-escola –, e se a infância nos remete a brinquedos, brincadeiras, barulho, alegria, encantamento, imaginação, fantasia, liberdade, magia, entre outras meninices, por que há a dificuldade em transformar a instituição de Educação Infantil em um lugar lúdico de forma efetiva?

 

O mesmo texto citado responde: uma das respostas poderia ser porque a escola é, tradicionalmente, o lugar para promover o pensamento, a cognição, a reflexão, portanto, um lugar que requer disciplina, organização e silêncio. Nessa concepção de escola, só cabe a cabeça, o corpo, não. O corpo ocuparia outro lugar, estaria no âmbito privado, e, sendo assim, brincar, correr e movimentar-se seriam atividades que a família deveria proporcionar para a criança.

O texto citado é claro ao afirmar que, se o argumento for esse, o nosso contra-argumento poderá ser: a escola se desenvolveu com tal rigor, porque ela não foi idealizada para receber crianças, que foram paulatinamente ocupando esse espaço, sendo que as bem pequenas, só muito recentemente.

Aderimos, então,ao mesmo entendimento da BNCC, quando afirma que hoje as crianças de todas as classes sociais frequentam desde muito pequenas a escola, uma boa parte em período integral. E se considerarmos que as famílias estão menores, que os quintais também foram reduzidos, e que as ruas e praças tornaram-se lugares hostis para as crianças, e surge a questão: qual é então o lugar privilegiado para que a criança possa se socializar, interagir e brincar?

O texto da BNCC conclui então que estudos recentes revelam ser os primeiros anos os mais preciosos, pois é na primeiríssima infância que:

·        se formam, com mais celeridade e consistência, as sinapses cerebrais que definem as capacidades, as habilidades e o potencial intelectual e social da pessoa;

·        as crianças, por meio das brincadeiras, reelaboram situações, enfrentam desafios, resolvem conflitos, desenvolvem o raciocínio e a criatividade, levantam hipóteses, etc.

Alexandre Saul e Camila Godói da Silva, em seu trabalho “CONTRIBUIÇÕES DE PAULO FREIRE PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL: IMPLICAÇÕES PARA AS POLÍTICAS PÚBLICAS”, afirmam que “o valor do brincar no desenvolvimento das crianças e nas práticas educativas tem sido reconhecido por eminentes teóricos das pedagogias da infância”.

As mesmas autoras acima citadas citam Kishimoto e Pinazza ao relatarem que:

Ao postular o brincar como a fase mais significativa do desenvolvimento da criança, Froebel (1896, p.55), aproxima-se de Vygotsky (1988): Brincar é a atividade mais pura, mais espiritual do homem neste estágio (a infância), e, ao mesmo tempo, típico da vida humana como um todo – a vida natural interna escondida no homem e em todas as coisas. Ele dá, assim, alegria, liberdade, contentamento interno e descanso externo, paz com o mundo. Ele assegura as fontes de tudo o que é bom. Uma criança que brinca por toda parte, com determinação auto ativa, perseverando até esquecer a fadiga física, poderá seguramente ser um homem determinado, capaz de auto sacrifício para a promoção deste bem-estar de si e de outros. Não é a mais bela expressão da vida da criança neste tempo de brincar infantil? A criança que está absorvida em seu brincar? A criança que desfalece adormecida de tão absorvida? (...) brincar neste tempo não é trivial, é altamente sério e de profunda significação.

 

Valioso frisar que a BNCC estabelece como eixos estruturantes para a Educação Infantil interações e brincadeiras. A finalidade pedagógica dos eixos é que a criança possa experimentar, desenvolver e socializar a partir dessas práticas. Os jogos podem ser utilizados tanto para o eixo da interação quanto para as brincadeiras.

 

3.3   O direito de brincar

               Sem querer esgotar o assunto, mas a fim de complementação do estudo e tema, pode-se afirmar que, além da importância pedagógica dos jogos e brincadeiras na alfabetização, constitui-se uma evolução dos direitos das crianças e adolescentes, já que a própria Constituição Federal de 1988 (Lei Maior do país) previu e assegurou a partir de seu art. 5º direitos fundamentais, e, dentre eles, os sociais, dentre os quais, a educação como indispensável à correta formação do indivíduo.

No Brasil temos normativas, além da Constituição Federal Brasileira (CF) de 1988, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, Leis de Diretrizes e Bases da Educação e Marco Legal da Primeira Infância.

       É o que ensina ainda o juiz de direito e autor Flávio Schmidt, em sua obra “Lei do Depoimento Especial”:

No que tange à criança e ao adolescente, o legislador constituinte particularizou dentre os direitos fundamentais aqueles que se mostram indispensáveis à formação do indivíduo ainda em desenvolvimento, elencando-os no caput do art. 227: direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar. (SCHMIDT, 2020, p.52)

 

       Continua o mesmo autor afirmando que está previsto no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata o estatuto, assegurando-se por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.

Em capítulo próprio, a Constituição Federal elenca em seu art. 205 e seguintes, situações acerca de direito a uma educação não só acessível, mas visando o pleno desenvolvimento da pessoa, e seguindo princípios, como pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, garantia de padrão de qualidade e garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida, bem como garantir o atendimento para que as crianças tenham acesso na idade própria atendimento em creches e pré-escola desde o nascimento até os seis anos de idade, constituindo as crianças esta que precisam de assistência incondicional e absoluta prioridade no atendimento.

E a Lei Magna vai além: regra em seu art. 208 que o DEVER do Estado (e aqui Estado como Poder Público) será efetivado mediante a garantia de, dentre outros, atendimento ao educando, em todas as etapas da educação, por meio de programas suplementares de material didático escolar.

A partir de documentos como a Declaração Universal dos Direitos da Criança (1959), ratificada na Convenção dos Direitos da Criança (1989), foi ressaltada a importância dos direitos da criança,nessa condição, fazendo com que elas sejam consideradas cidadãs.Afirmou-se que também precisam de proteção, sem distinção de raça, cor, sexo, situação econômica, etc.

       Na Declaração Universal dos Direitos das Crianças (1959), encontramos um dos princípios, de que a criança tem direito à educação escolar que permita desenvolver suas aptidões e individualidade, seu sendo de responsabilidade social e moral, bem como deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras os quais deverão estar dirigidos para a educação. Conclui ainda que a sociedade e as autoridades públicas devem se esforçar para promover o exercício desse direito.

Evandro do Socorro Alves de Oliveira, em seu trabalho “Projeto de ensino Brinquedoteca: O brincar como o desenvolvimento da aprendizagem para os alunos da Educação Infantil” ensina que:

A Infância é a principal etapa da vida do ser humano, é justamente nesta fase que se aprende valores que serão levados para vida. Faz-se necessário pensar sobre os espaços e oportunidades que estão sendo dadas a elas com seus direitos e deveres assegurados. E que cada uma delas precisam ser reconhecidas como sujeito de direitos individuais, além de que as crianças necessitam ser respeitada dentro de seu processo de aprendizagem.

 

Mas o que é qualidade na educação? Em rápida pesquisa na internet, respostas variadas surgem, algumas delas com significação semelhantes, outras, com variação em poucos detalhes.

O conceito de qualidade educacional, de maneira geral, abarca as estruturas, os processos e os resultados educacionais, onde aqui demonstramos que sim, jogos e brincadeiras na alfabetização está inclusa, como importante educação de qualidade inserida nos direitos fundamentais previstas como direito na Constituição Federal, além de estar explicitamente mencionado na Declaração Universal dos Direitos das Crianças.  

 

 

3.4 Tipos de jogos e brincadeiras e suas contribuições para o desenvolvimento da criança

Não há dúvidas de que brincadeiras educativas podem ser uma importante alavanca de aprendizagem para as crianças.

Laura Aidar, em seu texto “brincadeiras para a educação infantil” explica que, “por meio delas, os pequenos são estimulados de maneira divertida e espontânea, fixando conhecimentos tanto no âmbito individual como no coletivo”. E conclui que, além disso, tais brincadeiras e jogos podem ser muito úteis para o desenvolvimento da independência das crianças, assim como para o raciocínio estratégico, coordenação motora, equilíbrio e noções de lateralidade.

A mesma autora é clara ao afirmar que “é ainda uma bela oportunidade de criar laços e fortalecer vínculos entre os participantes, contribuindo para a formação de uma sociedade empática e solidária. ”

Abaixo traremos alguns exemplos de brincadeiras e suas possíveis contribuições que justificam o presente trabalho, demonstrando que em suas características atuam na formação do desenvolvimento físico e cognitivo da criança.

1)      Pega-Pega

A brincadeira chamada de "pega-pega" é uma das mais conhecidas entre as crianças. Não precisa de nenhum material específico e não tem um número certo de participantes. Além disso, pode ser aplicada a todas as idades. Entretanto, é necessário bastante espaço para as crianças correrem. Nesse jogo, escolhe-se uma pessoa para ser o "pegador", as outras devem fugir, evitando ser pegas. Quando o "pegador" tocar em algum dos seus colegas, eles trocam de papel e a criança que foi pega passa a ser o "pegador". Essa atividade é ótima para desenvolver o senso de direção das crianças, assim como a agilidade, raciocínio e rapidez.

2)     Pular corda

São diversas as músicas e desafios propostos nas brincadeiras de pular corda. Nela, dois participantes batem a corda, um de cada lado e cantando músicas populares que trazem orientações para que uma terceira criança pule a corda. A atividade faz bem para a saúde, trabalha também com a agilidade e a atenção. Uma música muito conhecida é:

"Senhoras e senhores, ponha a mão no chão
Senhoras e senhores, pule de um pé só
Senhoras e senhores, dê uma rodadinha
E vá pro olho da rua."

3)     Estátua

Uma brincadeira legal para o desenvolvimento do equilíbrio, atenção e paciência é a da "estátua". Nela é colocada uma música para a turma toda dançar. Quando as crianças estiverem bastante soltas e relaxadas, tendo aproveitado o momento de descontração, a música para. Com a ausência da música, os participantes devem imediatamente parar de se mexer, ficando na mesma posição na qual se encontram, como estátuas. A criança que conseguir permanecer por mais tempo imóvel ganha o jogo.

4)    Caixa sensorial

A caixa sensorial é uma brincadeira que pode ser realizada com crianças pequenas, de 3 a 6 anos. É elaborada uma caixa contendo diversos elementos que exploram as sensações táteis. Pode ser uma caixa de sapatos ou caixa de papelão tampada. É necessário fazer uma abertura para que as crianças coloquem a mão no interior da caixa e sintam os objetos. Elas devem descrever as sensações que o toque proporciona e tentar descobrir qual é o objeto. É interessante que sejam elementos com texturas distintas, como esponjas, slimes, algodão, etc. Essa é uma chance de explorar o sentido do tato e a imaginação dos pequenos.

5)     Equilíbrio na corda

A corda pode ser utilizada em muitas atividades e brincadeiras. Com ela é possível trabalhar a coordenação motora, consciência corporal, lateralidade, equilíbrio e tônus muscular.

Uma ideia é traçar um caminho no chão com a corda (que deve ter tamanho suficiente, de 3 a 5 metros) e sugerir que as crianças caminhem por cima dela. Elas podem ainda abrir os braços para ter mais estabilidade. O exercício também faz um paralelo com as artes circenses, pois assemelha-se à corda bamba. Assim, podem ser apresentados vídeos de atividades circenses como inspiração para as crianças.

6)    Autorretrato em tamanho real

Agora uma brincadeira que envolve a autoestima e habilidades artísticas e criatividade. Será um autorretrato em tamanho real, feito a partir da silhueta das crianças. Elas devem deitar-se em folhas de papel Kraft grandes o bastante para caber o corpo todo. O adulto que estará conduzindo a atividade desenhará o contorno do corpo dos participantes com canetinha ou pincel. Depois, o papel é recortado e cada criança deverá se desenhar, incluindo suas características e trabalhando assim sua autoimagem, aceitação, amor próprio e observação de si.

7)     Amarelinha

"Amarelinha" é uma daquelas brincadeiras tradicionais que a garotada se diverte bastante. A proposta é desenhar no chão um diagrama contendo quadrados enumerados até 10. No desenho constam quadrados únicos e em pares. Perto do número 1 há uma meia lua onde escreve-se a palavra "céu". Perto do número 10 há também um semicírculo com a palavra "inferno". A criança joga uma pedrinha em um dos quadrados e começa a pular nas casas, podendo colocar apenas um pé em cada uma delas e desconsiderando a casa onde a pedra está. Ela deve equilibrar-se, pegar a pedra e continuar pulando até o final, tomando cuidado para não pisar dentro do local escrito "inferno". Nesse jogo muitas habilidades são trabalhadas, como a aprendizagem dos números, a coordenação para o desenho, noção espacial, equilíbrio e força.

 

4.     Considerações finais

Mais uma vez, justificando que a intenção não é esgotar o assunto, mas, de maneira simples e clara, podemos concluir através dessa pesquisa,que o conceito de qualidade educacional abarca estruturas, processos e resultados educacionais, onde procuramos demonstrar que jogos e brincadeiras na Educação Infantilestão inclusas como importante educação de qualidade inserida nos direitos fundamentais previstas como direito na Constituição Federal, além de estar explicitamente mencionado na Declaração Universal dos Direitos das Crianças.

Pôde-se ainda perceber e constatar que as brincadeiras e jogosdespertam na criança uma aprendizagem significativa e que são essenciais durante a infância.

É uma importante ferramenta para que a criança se socialize, crie regras, expressa seus sentimentos e desejos.

No momento em que está brincando a criança cria um mundo imaginário somente seu, em que, através dessas brincadeiras, elas desenvolvem o psicológico, o social e o mental, assim o lúdico é fundamental no processo de ensino-aprendizagem e para o desenvolvimento da criança.

Por isso deve ser bem trabalhado pelo professor, tendo sempre consciência de seu papel e da forma que irá atuar com as atividades lúdicas, principalmente os jogos.

Listamos vários jogos, demonstrando que podem auxiliar no desenvolvimento da criança, basta o profissional ter conhecimento de como adequá-los aos seus alunos, não esquecendo de analisar a sociedade e história de vida que cada um carrega consigo.

 Conclui-se então que os jogos e brincadeiras infantis são extremamente importantes, pois além de educativos, as crianças aprendem se divertindo.

Finalizo então com uma belíssima frase de Rubem Alves: “A criança aprende brincando. E brincando ela é feliz." 

 

Referências

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BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular, disponível em http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/aprofundamentos/198-o-lugar-do-ludico-na-educacao-infantil.Acesso em 18 jul. 2023.

 

CASTRO, Luciano A. F. de. Atividade EAD de Educação Física 1º ano. Disponível em http://apppublico.com.br/educacao_cristais/pdf/20200513145410_Atividade%20EAD%20de%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20F%C3%ADsica%201%20ano%20Jarcy.pdf. Acesso em 18 jul. 2023.

 

FONTANA, Roseli; CRUZ, Nazaré. Psicologia e trabalho pedagógico. São Paulo: Atual, 1997.

 

GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2007.

 

KISHIMOTO, T.M. (apud Froebel). Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 1999.

 

KISHIMOTO, Tizuko Morchida e PINAZZA, Mônica Appezzato. Froebel: Umapedagogia do brincar para a infância. In: OLIVEIRA-FORMOSINHO, Julia; KISHIMOTO, Tizuko Morchida; PINAZZA, Mônica Appezzato (orgs.). Pedagogia (s)da infância: dialogando com o passado, construindo o futuro. Porto Alegre: Artmed Editora S.A., 2008.

 

LUIZ, Jessica Martins Marques.; SANTOS, Ana Carolina Belther.; ROCHA, Francielli Ferreira da.; ANDRADE, Soraia Camila de. e REIS, Yara Galinari. As concepções de jogos para Piaget, Wallon e Vygotsky. Disponível em https://www.efdeportes.com/efd195/jogos-para-piaget-wallon-e-vygotski.htm. Acesso em 18 jul. 2023.

 

MACHADO, Marina Marcondes. O brinquedo-sucata e a criança. São Paulo: Loyola, 1994. 5ª edição.

 

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